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Node.js e Banco de Dados: ORM, Query Builder, driver nativo

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Douglas Matoso
Atualizado em 12/06/2020
Leitura: 7 min.

E aí, pessoal! Existem diferentes formas de se comunicar com banco de dados em Node.js, com diferentes níveis de abstração: driver nativo, query builder e ORM. Neste post vou mostrar exemplos e as diferenças entre elas.

Node.js e Banco de Dados: ORM, Query Builder, driver nativo

Estes padrões existem em várias linguagens, mas vou mostrar exemplos em Node.js, acessando um banco de dados PostgreSQL.

Driver nativo

Este é o nível mais baixo, ou seja, mais próximo do banco de dados. Você se conecta ao banco de dados, escreve queries SQL em forma de string e manda o banco executar. A execução das queries é uma operação assíncrona, portanto retornam uma Promise.

Para trabalhar com PostgreSQL neste nível em Node.js a biblioteca mais popular é o node-postgres (pg). Veja um exemplo a seguir.

Conexão com o banco:

const { Client } = require('pg')

const client = new Client({
  user: 'dbuser',
  host: 'localhost',
  database: 'mydb',
  password: '123456',
  port: 5432,
})

await client.connect()

Inserindo um registro:

await client.query('INSERT INTO users(name, email) VALUES($1, $2)', [
  'PG User',
  'pg@email.com',
])

Buscando o mesmo registro através do email:

const res = await client.query("SELECT * FROM users WHERE email='pg@email.com'")

console.log(res.rows)
/*
[
  {
    id: '4ea4aedd-9d76-44ad-906d-c24a1845ffae',
    name: 'PG User',
    email: 'pg@email.com'
  }
]
*/

Query builder

Um nível de abstração acima está o query builder. A principal diferença é que aqui você escreve as queries programaticamente, usando funções, e a biblioteca se encarrega de gerar a query nativa.

Uma vantagem desta abordagem é que a biblioteca trata possíveis diferenças de sintaxe entre diferentes bancos de dados. Isso permite que você troque o banco de sua aplicação com mais facilidade, fazendo pouca ou nenhuma alteração no código.

Uma das bibliotecas de query builder mais populares no Node.js é a Knex. Veja abaixo como ela funciona.

Conexão com o banco:

const knex = require('knex')
const config = require('../../knexfile.js').development
const db = knex(config)

O Knex recomenda colocar as configurações de conexão em um arquivo knexfile.js, separadas por ambiente. Isto permite separar e gerenciar melhor o banco de desenvolvimento, testes e produção. Você pode até usar diferentes bancos por ambiente (SQLite em desenvolvimento e PostgreSQL em produção, por exemplo).

Inserindo um registro:

await db('users').insert({ name: 'Knex User', email: 'knex@email.com' })

Buscando o registro:

const rows = await db.from('users').select().where({ email: 'knex@email.com' })

console.log(rows)
/*
[
  {
    id: '66b9c3ea-8270-4a73-bf12-aed96434ebcf',
    name: 'Knex User',
    email: 'knex@email.com'
  }
]
*/

Veja que em nenhum momento escrevemos queries SQL nativas. Usamos apenas funções e objetos para construir a query.

O Knex até permite escrever queries nativas para os casos que isso seja necessário.

Outra funcionalidade que bibliotecas neste nível já oferecem são as migrations, que são mecanismos para registrar as alterações feitas na estrutura do banco durante o projeto (adição, remoção ou alteração de colunas ou tabelas), permitindo "voltar no tempo" e desfazer alguma alteração, ou aplicar as alterações em um banco novo.

ORM

Object-Relational Mapping (Mapeamento Objeto-Relacional), como o nome implica, é um padrão onde se mapeia a estrutura relacional do banco em objetos na linguagem em questão. Tabelas viram objetos, linhas viram atributos do objeto e relações entre tabela se transformam em relações entre objetos. Este é o nível mais alto de abstração. Você não precisa nem pensar em queries SQL. Mas toda abstração tem seu preço, como falarei mais embaixo.

Algumas ferramentas fazem este mapeamento de forma mais automática, analisando a estrutura do banco, outras exigem que você o faça manualmente.

A biblioteca ORM mais popular no Node.js é a Sequelize.

Para trabalhar com nossa tabela users, precisamos fazer o mapeamento dela com uma classe User. Na sintaxe do Sequelize fica assim:

const User = sequelize.define(
  'user',
  {
    name: {
      type: Sequelize.STRING,
      allowNull: false,
    },
    email: {
      type: Sequelize.STRING,
      allowNull: false,
    },
  },
  { timestamps: false }
)

Uma facilidade do Sequelize é que ele permite definir a classe no JS antes e usar o comando sync para alterar ou criar a estrutura no banco para sincronizar com o objeto.

Com o mapeamento definido, veja como ficam as operações.

Inserindo um registro:

const user = await User.create({
  name: 'Sequelize User',
  email: 'sequelize@email.com',
})

O método create vai fazer duas operações: criar uma instância da classe User e salvar os dados no banco. Você também pode fazer estas operações separadamente:

// cria a instância
const user = User.build({
  name: 'Sequelize User',
  email: 'sequelize@email.com',
})

// persiste no banco
await user.save()

Buscando o registro:

const user = await User.findOne({ where: { email: 'sequelize@email.com' } })

console.log(user.toJSON())
/*
{
  id: 'ef5659de-9d35-4bff-a435-5b9679c914e3',
  name: 'Sequelize User',
  email: 'sequelize@email.com'
}
*/

Veja que o método estático findOne (assim como os outros métodos de consulta) retorna um objeto da classe User. Para exibir como JSON precisei usar o método toJSON().

Outra abstração que um ORM faz é sobre as relações entre entidades. Vamos supor que no nosso exemplo um usuário possa ter vários posts relacionados a ele. No Sequelize, na hora de buscar um usuário eu posso dizer para ele fazer uma busca "gulosa" (eager loading) e já trazer também os posts. Ficaria assim:

const user = await User.findOne({
  where: { email: 'sequelize@email.com' },
  include: Post,
})

Com isso, o objeto user teria um atributo user.posts onde eu teria acesso aos posts daquele usuário (como um array de objetos da classe Post).

Por fim, vale ressaltar que o Sequelize também tem suporte a migrations.

Aqui no blog temos um outro post com um exemplo mais completo de uso do Sequelize em uma aplicação:

Fullstack com Node.js, React e GraphQL  – 3: PostgreSQL e Sequelize

E aí? Qual é o melhor?

A resposta é o famoso depende.

O driver nativo é mais indicado para casos específicos, por exemplo, se você estiver desenvolvendo uma biblioteca (seu próprio query builder ou ORM). O Knex e o Sequelize usam as libs nativas por trás.

Você pode pensar que o ORM é melhor, pois abstrai mais os detalhes do banco. Mas como comentei acima, toda abstração tem seu preço.

Performance

Uma biblioteca ORM visa facilitar a vida do desenvolvedor e ser flexível para atender vários contextos diferentes. Em alguns casos, a query gerada pela biblioteca pode não ser tão eficiente quanto uma query feita manualmente, principalmente quando envolve relacionamento. Alguns cuidados devem ser tomados para se evitar estes problemas.

Esconder a tecnologia por trás

Este é justamente o objetivo de uma abstração, certo? Esconder os detalhes e apresentar uma forma mais amigável para se trabalhar.

Sim, mas o problema acontece quando o desenvolvedor pula etapas e usa uma abstração sem entender o que aquilo abstrai, a tecnologia por trás.

A gente vê o tempo todo: desenvolvedores aprendendo um framework JavaScript, sem aprender o JavaScript, ou aprendendo a usar um ORM, sem compreender como um banco de dados funciona.

Como saber se meu ORM está gerando uma query SQL ineficiente seu eu não sei nada sobre SQL?

Além do mais, conhecer a tecnologia base me ajuda a escolher a melhor abstração e se eu preciso trocar de uma biblioteca pra outra o aprendizado vai ser mais rápido, pois a base é a mesma.

Conclusão

Aqui tem um código com os três exemplos, caso queira experimentar: https://github.com/doug2k1/nodejs-database

Espero que este post tenha sido útil. Se gostou, compartilhe nas suas redes sociais pra dar aquela força! 😉

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