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A Arte do Impulso: Porque Suas Ideias Precisam de Velocidade

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Douglas Matoso
Atualizado em 02/09/2017
Leitura: 5 min.

Traduzido de The Art of Momentum: Why Your Ideas Need Speed, de Jocelyn K. Glei.

Em seu maravilhoso livro Musicophilia, o neurologista Oliver Sacks descreve Clive Wearing, um músico e musicólogo cuja memória foi quase que completamente apagada após uma severa infecção cerebral. Pós-trauma, a memória de curto prazo de Clive durava apenas questão de segundos. Sacks escreve, “Ele não se lembrava de quase nada exceto do que ele estava fazendo naquele momento”.

No entanto, a habilidade musical de Clive permaneceu quase que intacta. Ela apenas precisava ser ativada. Ao tocar uma música ou conduzir um coro, Clive poderia recuperar seu virtuosismo. Desde que seus dedos e mente estivessem em movimento, ele poderia tocar lindamente. A esposa de Clive escreve, “O impulso da música levava Clive de nota a nota… Ele sabia exatamente onde estava porque em cada frase existe um contexto implícito, por ritmo, melodia… Quando a música parava, Clive voltava a se perder. Mas enquanto tocava ele parecia normal.”

Nós talvez não sejamos tão diferentes de Clive quando se trata de projetos criativos. No minuto em que perdemos o impulso, perdemos o fio da meada. Nos tornamos extremamente vulneráveis à distração e à derrota. Nosso crítico interior desperta, e começamos a reavaliar nós mesmos, duvidando da possibilidade de sucesso. As demandas de outras pessoas tomam nosso foco e atenção. Começamos a ter novas e brilhantes idéias que parecem valer mais a pena, nos tentando a avançar para a próxima grande coisa sem nunca terminar.

No minuto em que perdemos o impulso, perdemos o fio da meada.

É como a Primeira Lei de Newton: Um corpo em movimento tende a continuar em movimento; um corpo em repouso tende a continuar em repouso. Em outras palavras, dá muito menos trabalho seguir em frente quando você tem um impulso, do que começar a se mover estando completamente parado.

Se podemos seguir em frente em nossos projetos todos os dias — alimentando aquela chama criativa e a mantendo alta — é infinitamente mais fácil manter o foco, fazer grandes avanços, e acabar com as barreiras que inevitavelmente surgem.

Aqui estão algumas dicas sobre como construir e manter o impulso:

1. Saiba que o impulso leva tempo para construir

Como o empresário Andy Swan escreveu, um dos erros mais comuns é “definir metas grandiosas sem ainda estar impulsionado”. Com imagens de fama e sucesso dançando em nossas cabeças, nós colocamos um objetivo muito alto, falhamos em alcançá-lo, e desistimos porque ficamos desanimados.

Assim como você começaria treinando para uma maratona fazendo pequenos percursos e aumentando a partir daí, para escrever um grande livro, você começaria escrevendo pequenos contos.

É importante estabelecer metas pequenas e realistas no princípio. Desafie-se, mas não exagere. Definir metas alcançáveis, e experimentar o sucesso incremental vai lhe ajudar a construir impulso e confiança.

2. Encontre uma janela de tempo consistente para trabalhar em seu projeto

Especialmente se você está equilibrando trabalho criativo com outros compromentimentos, encontrar um tempo regular para dedicar a seu projeto diariamente pode ser extremamente desafiador. Mas não há nada mais importante. Execução consistente é fundamental: ela mantém a cabeça clara e focada; te recompensa com um sentimento constante de progresso; e, mais importante ainda, ela mantém a bola rolando para frente.

Não espere que esse tempo livre vá magicamente aparecer. Pelo contrário, proativamente garimpe um bloco de tempo em sua programação diária — e torne isto público. Como Gina Trapani aconselha em seu artigo na Fast Company, você vai honrar este compromisso da mesma maneira que o faria em uma reunião com outra pessoa. Pense nisso como um encontro com sua musa.

3. Trabalhe em seu projeto todos os dias. Sério, todos os dias.

Em sua coleção de entrevistas com pintores como Chuck Close, Dana Schutz, Fred Tomaselli, and Julie Mehretu, o autor e artista Joe Fig observa, “Eles são bem sucedidos porque trabalham incessantemente. Vários deles trabalham sete dias por semana.”

Quando se trata de impulso, a frequência de execução é, talvez, mais importante do que a duração da execução. Mesmo se você estiver trabalhando em seu projeto apenas uma hora por dia é o suficiente para manter seus objetivos e atividades recentes no topo da sua mente. Então, quando você se senta para trabalhar com ele de novo, você pode deslizar rapidamente de volta para o fluxo.

Ocasionalmente, alguma coisa vai jogá-lo fora do curso, e você não será capaz de trabalhar em seu projeto naquele dia. Mas se você está se esforçando para empurrá-lo para a frente todos os dias, você vai permanecer na pista independentemente.

4. Uma vez que você esteja embalado, não tenha medo.

Qualquer um que esquiou montanha abaixo sabe como é assustador. Ansiamos por isso, mas também temos medo de ir longe demais. E se a gente começar a ir muito rápido? E se a gente perder o controle?

Seth Godin escreve: “Muitos de nós tememos muito impulso. Nós olhamos para o lançamento de um projeto ou um emprego ou um novo compromisso como algo que pode ficar fora de controle. Uma coisa é ser um cantor popular que toca para cem pessoas por noite em um café, mas e se o impulso alavancar e você se tornar uma estrela? A estrela do rock? Fazendo mais e mais shows e gerando expectativas cada vez maiores para o seu próximo trabalho? … No fundo, este potencial para uma resposta esmagadora alerta o cérebro de lagarto e pisamos no freio.”

Não se reprima. Quando se trata de execução criativa, a chave é se mover, e se manter em movimento.

Tags: carreira

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